Depois de uma curta temporada de estreia, a obra dos italianos Dario Fo e Franca Rame, encenada no Brasil por grandes atrizes, como Marília Pêra, Denise Stoklos e Débora Bloch, chega ao Teatro Morumbi Shopping a partir do dia 29 de setembro.
Brincando em cima daquilo traz ator paulista Wilson de Santos dando vida a três mulheres mergulhadas em humor e poesia para desafiar as pequenas – e também gigantescas – repressões às quais estão sujeitas em suas relações cotidianas. A comédia fica em cartaz até o dia 26 de novembro, às sextas e sábados, às 21h, e aos domingos, às 19h.
Brincando em cima daquilo tem direção do ator e diretor Marcelo Médici e vem rendendo ótimos comentários juntos à imprensa paulistana. “Wilson de Santos é do tipo de ator que não teme grandes desafios. (…) Famoso por sua versatilidade justamente ao incorporar personagens femininas, Wilson dá conta do recado, divertindo e fazendo refletir a plateia do Teatro Renaissance, em São Paulo”, escreveu o crítico Miguel Arcanjo Prado em seu blog do portal UOL, depois da estreia na capital paulista. Já o crítico Dirceu Alves Jr. (Veja SP) escreveu: “Comediante de mão-cheia acostumado aos tipos femininos, o ator paulista Wilson de Santos é o primeiro homem a protagonizar os monólogos de Brincando em Cima Daquilo. (…) O protagonista acentua o caráter tragicômico dessas duas histórias e ganha o público pela identificação com as situações. Mas é na parte final, porém, como a dona de casa Maria, que o talento de Santos salta aos olhos do espectador”.
Três esquetes mesclam momentos de muito humor, retirados de rotinas identificáveis por cada um de nós, com a crítica contida no enfrentamento à violência e à educação repressora que insistem em recair sobre as mulheres, ainda hoje. Uma dona de casa é trancada no apartamento pelo marido, enquanto outra mulher enfrenta um ônibus cheio na volta do escritório. Já a operária acorda atrasada e tenta encontrar as chaves da porta de casa, numa luta contra o relógio e suas “obrigações” cotidianas. Ressignificadas pelo olhar, voz e corpo de Wilson, todas as cenas são capazes de nos fazer rir e se identificar com a força da peça de Fo e Rame, sempre ancorada na união da coloquialidade do texto e o desempenho dos artistas que decidem dar vida àquelas histórias.
A proximidade entre o ator e o público, utilizando a improvisação para manter um contato direto entre eles, é uma das características que não deixa Brincando em cima daquilo perder sua vitalidade. E essa é justamente uma das grandes características do trabalho de Wilson de Santos, que valoriza palavras, olhares e o timing em cena para estabelecer um diálogo íntimo – e sempre hilário – com quem se deixa contaminar pelo humor ácido com o qual constrói suas personagens. A autorização da peça – cujos textos foram encenados em cerca de 50 países e nunca antes haviam sido liberados para um ator – foi dada a Wilson por Jacopo Fo, filho do casal italiano e representante da obra, que se sentiu instigado com a novidade após analisar o currículo do ator. Nos últimos anos Wilson levou ao palco hilárias personagens femininas, como a freira Maria José, da comédia A Noviça Mais Rebelde, e a atriz Bette Davis, na peça Bette Davis e Eu. Essa nova versão de Brincando em cima daquilo, portanto, é uma oportunidade rara de viver através do teatro uma experiência emocionante e, sobretudo, divertidíssima.